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Movimentos sociais repudiam política de educação à distância para o campo

04/10/2013
06/05/2015
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Em seminário realizado na última quarta-feira (02), na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintero), no município de Ji-Paraná, movimentos sociais do campo e organizações parceiras discutiram a atual situação da educação do campo no estado de Rondônia, em especial a proposta do governo estadual de implantar o Projeto de Ensino Médio com Mediação Tecnológica nas escolas. O seminário foi o terceiro momento de debate sobre o tema articulado pelos movimentos para apontar diretrizes e encaminhamentos que possam contribuir para uma educação para o campo referenciada e de qualidade.

A organização dos movimentos sociais do campo e organizações parceiras foi intitulada de Articulação Estadual pela Educação do Campo. Constituem a Articulação Estadual a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagro), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Projeto Padre Ezequiel, Associação das Escolas Família Agrícolas (Aefaro), coletivo de professores da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e um núcleo de pesquisadores.

A proposta de implantar o Projeto de Mediação tecnológica traz muita preocupação e  mesmo recusa dos representantes  do campo por ser fundamentada no método de ensino à distância, onde as  aulas são ministradas por videoconferências. Para os representantes do campo esse método não é adequado para implementação da educação do campo, que é fundamentada principalmente na relação educador, educando e comunidade. Ainda de acordo com eles esse método padronizado de ensino continuará mantendo a educação oferecida desassociada da realidade do campo. “É oferecido uma educação desvinculada da realidade social do campo”, disse Matilde representante do MST. Já para o presidente da FETAGRO Fábio Menezes “a educação tem que estar contextualizada com a realidade do campo e contribuir para uma transformação positiva da realidade”. Os representantes do campo asseguram que o atual modelo de educação aplicado tem contribuído de forma considerável para o êxodo rural. “O ensino dado induz o educando, filho de agricultor familiar, a não querer continuar no campo”, afirmaram.

As representações ressaltaram que o campo tem um projeto de educação do campo concernente e exitoso que é a Pedagogia da Alternância, desenvolvido pelas Escolas Família Agrícola; e que mereceria maior reconhecimento e valorização do governo. Eles compreendem que oferecer um processo de formação e qualificação de professores, construir um currículo da educação do campo, projetar escolas com infraestrutura, logística e contratar educadores para as áreas atendidas estaria mais coerente com a implantação de uma educação de qualidade.

Destacaram que o método de ensino com mediação tecnológica além de não resolver problemas existentes, como a evasão do ensino médio, poderá agravar alguns e gerar novos impasses, a exemplo da falta de professores habilitados e qualificados. Os representantes temem pela exclusão de professores, já que o Projeto prevê ser aplicado em 102 comunidades nos 52 municípios, exigindo apenas um professor ministrante por disciplina e um professor presencial por "telesala". “Pela proposta, percebemos que profissionais da educação serão excluídos. Onde ficarão esses professores? E a necessidade de valorização e capacitação dos professores? O governo tem o compromisso de valorizar essa categoria?”, questionaram.

A proposta, que já foi aprovada pelo Conselho Estadual de Educação, foi defendida durante o seminário pela subgerente de educação da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Angélica Aires. Angélica confirmou que o Projeto não foi discutido com as representações do campo, ainda que este apresenta como público alvo alunos da zona rural. A representante do estado foi enfática em informar que esta é a alternativa definida pelo governo estadual para a educação para o campo, uma vez que procuram desfazer de um “descaso de décadas com a educação do campo”.

O presidente da FETAGRO Fábio Menezes transmitiu à subgerente de educação o sentimento da categoria de indignação por este projeto “ter sido construído sem ouvir as instituições, as famílias, os pais de alunos para que se possa implementar a verdadeira educação do Campo”. Em relação a isso, a Articulação Estadual pela Educação do Campo tem se manifestado. Uma Nota de Repudio foi emitida no mês de Julho, logo após a realização de audiência pública para tratar do tema, para a qual os representantes do campo não foram informados e/ou convidados. No mês de agosto, em audiência de negociação do Grito da Terra Estadual, a FETAGRO, a AEFARO e um grupo de trabalhadores rurais estiveram com a senhora Izabel Luz, na época secretária de educação, para discutir a proposta; mas a secretária não considerou o posicionamento da categoria.

A Articulação Estadual pela Educação do Campo tomou como encaminhamento intensificar o debate sobre a questão, participando nos espaços possíveis de diálogo. Como próximas ações, o grupo confirma que irá participar e se posicionar durante a realização da Conferência Estadual de Educação; realizará uma mobilização mais forte para impedir a implantação desse projeto; e também construirá, em parceria com a Unir, um projeto de formação de professores para ser apresentado para o governo do estado em substituição ao Projeto Ensino Médio com Mediação Tecnológica que, segundo eles, é contraditório às diretrizes operacionais da educação do campo.

  Fonte: Assessoria FETAGRO

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