Movimentos sociais discutem Educação do Campo
Articulação da Educação do Campo quer discutir projeto que tramita sem participação dos movimentos
Movimentos sociais do campo e parceiros organizaram-se em grupo para discutir a atual situação da educação do campo no estado de Rondônia. Uma primeira reunião, denominada de Reunião de Articulação para a Educação do Campo em Rondônia, foi realizada ontem, 24, na sede da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (FETAGRO), com objetivo de apontar diretrizes e encaminhamentos para a melhoria da educação do campo no Estado.
O fechamento das escolas na zona rural e a realidade da existência e aplicabilidade das políticas públicas para a educação do campo foram alguns dos pontos que nortearam o debate. Um diagnóstico está sendo feito para confirmar o fechamento de inúmeras escolas da zona rural e para melhor fundamentar uma avaliação da política aplicada no Estado. Um exemplo dado durante o encontro foi o município de Rolim de Moura que teve 16 escolas fechadas. A precariedade do transporte escolar também esteve entre os pontos de denúncia ao pouco investimento dado à educação do campo. Segundo relatos, crianças e jovens chegam a percorrer 60 Km para chegar à sala de aula, muitas vezes saindo de casa às 5 horas e retornando às 20 horas.
Outra importante observação feita foi em relação ao conteúdo e metodologia oferecidos, e que não correspondem a realidade do educando do campo. “É oferecido uma educação desvinculada da realidade social do campo”, disse Matilde representante do MST. Para o presidente da FETAGRO, Fábio Menezes, “é preciso uma capacitação diferenciada porque são ambientes diferentes”. “A educação tem que estar contextualizada com a realidade e contribuir para uma transformação positiva da realidade”, disse. Os representantes do campo asseguram que o atual modelo de educação aplicado tem contribuído de forma considerável para o êxodo rural. “O ensino dado induz o educando, filho de agricultor familiar, a não querer continuar no campo”, disseram.
Outra discussão que trouxe muita preocupação, e até mesmo recusa, foi em relação à proposta do governo estadual, de implantação do Projeto de Ensino Médio com Intermediação Tecnológica (Emitec), que prevê aulas por videoconferências. “Esse mecanismo de Educação a Distancia tira a relação educador e educando e tira o debate da sala de aula. Queremos os professores na sala de aula”, observou o presidente da FETAGRO. Fábio ainda ressaltou que “os movimentos do campo deveriam ser chamados para discutir esse projeto que já tramita no Conselho Estadual de Educação – mas sem a participação dos movimentos – para que se possa implementar a verdadeira educação do Campo”. “Lamentamos que esse projeto esteja sendo construído sem ouvir as instituições, as famílias, os pais de alunos”, observou.
Discutiu-se ainda o Programa Escola Guaporé de Educação do Campo, e sua aplicabilidade ainda pendente. O Programa foi instituído pela Lei Estadual nº 2.688, de 15 de março de 2012, e regulamentado pelo Decreto nº 17.223, de 25 de outubro de 2012.
Participaram da reunião, além da FETAGRO, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs), Associação das Escolas famílias Agrícolas (AEFARO), Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Projeto Padre Ezequiel Ramim e pesquisadores.
Encaminhamento
Para melhor atuar nestas questões, o grupo definiu por constituir uma Comissão de Articulação Estadual pela Educação no Campo com função de garantir articulações dos movimentos e entidades sobre a Educação do Campo, ocupando os espaços possíveis.
Uma nova reunião já está marcada para o mês de outubro para a continuidade dos debates.
Fonte: Assessoria FETAGRO