FETAGRO lamenta descaso com a educação do campo
“A educação do campo é uma luta constante do Movimento Sindical dos Trabalhadores e trabalhadoras Rurais”. A frase é do presidente da FETAGRO Fábio Menezes, dita durante audiência pública, na Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, promovida para debater sobre a implantação do Projeto de Ensino Médio com Mediação Tecnológica (EMMTEC) proposto pelo Governo do Estado. Nesta terça-feira (28), o presidente voltou a afirmá-la em reação a lamentável aprovação do projeto pela Casa de Leis no mesmo dia.
Há três anos a FETAGRO e outros movimentos sindicais e sociais do campo lutam pela não implantação deste modelo de ensino, caracterizado como ensino à distância, por terem a convicta compreensão que a proposta não atende as reais necessidades da classe estudantil rural, apresentando deficiências e incoerências para que se tenha uma educação de qualidade e que atenda aos princípios da educação do campo.
Ao longo desse período, diversos encontros, reuniões, debates que aprofundaram a questão foram realizados com a participação dos movimentos, de outras organizações que atuam pela defesa da educação do campo, dos pais e dos alunos, levando à conclusão de que esta metodologia não contempla as especificidades do campo e poderá trazer danos a agricultura familiar já no presente e no futuro. Assim, vêm externando em diferentes espaços e oportunidades o sentimento em comum de preocupação e mesmo de indignação à iniciativa que não considera a necessidade e realidade do campo, por exemplo, pela falta da relação entre educador e educando e do debate de sala de aula, que muito contribui no processo de ensino e aprendizagem; uma vez que o EMMTEC propõe aulas transmitidas por um aparelho de televisão. Em atitude de afirmar esta compreensão, um abaixo assinado já registra mais de 13 mil assinaturas de alunos e pais que se manifestam contra o projeto.
A FETAGRO reforça seu posicionamento contrário ao Ensino com Mediação Tecnológica, apontando que o projeto está baseado em justificativas insustentáveis, a exemplo da argumentação do difícil acesso a localidades e falta de professores. E repudia a falta de interação e o distanciamento entre professor e aluno que este método certamente causa. Repudia ainda, o desrespeito da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) com os pais, alunos, professores e comunidade que sequer foram ouvidos sobre essa brusca mudança. “Haveria de ter uma consulta aos interessados antes de implementar qualquer mudança”, advertiu o presidente Fábio Menezes.
Diante desta situação, a Federação lamenta profundamente a aprovação do EMMTEC e sua aplicabilidade. Lamenta ainda, que a visão pedagogia esteja indo na contramão dos princípios da educação do campo. Mas ressalta que a luta continua e todo o movimento sindical continuará respeitando os envolvidos diretamente neste processo, mantendo os debates e levantamento de proposições a serem reportadas ao governo, por meio da Seduc que, inclusive, por meio da secretária Fátima Gavioli, se comprometeu em receber e analisar as proposições apresentadas pelos movimentos, pais e alunos. Entre elas, a criação de um programa de qualificação de professores para as áreas com maior necessidade; e a constituição de uma Coordenadoria de Educação do Campo na Seduc, com tarefa principal de elaborar um programa para educação do campo como norteador das ações pedagógicas.
“Temos condições de construir uma proposta de educação do campo que valorize a agricultura familiar, os sujeitos do campo e traga a cidadania e o conhecimento daqueles que produzem e alimentam a todos”, disse o presidente reforçando que a categoria sempre esteve disponível para construir junto propostas que garantam, de fato, uma educação do campo de qualidade.
Confira a participação do presidente da FETAGRO na Audiência Pública que discutiu sobre o EMMTEC - Aqui