Denúncia: Acampamento de Seringueiras sofre pistolagem
Lideranças das famílias do Acampamento Paulo Freire 3, de Seringueiras, tem procurado a Comissão Pastoral da Terra (CPT) para denunciar intimidações feitas por jagunços armados da Fazenda Rio Doce, naquele município.
Depois que foram despejados por ordem judicial, 42 famílias das mais de oitenta que moravam e trabalhavam dentro da área, sem ter mais onde ir, se encontram acampadas perto dum igarapé na estrada próximo do núcleo urbano de Seringueiras.
De acordo com informações, os jagunços armados e fardados da fazenda realizam disparos e à noite andam pela mata nas imediações do acampamento. Os acampados chegaram a realizar fotografias destes num carro de uma empresa de "vigilância e segurança" fazendo exibição ostensiva de armamentos nas proximidades do acampamento.
Foi denunciado também que Sebastião de Peder e os seus filhos venderam ou alugaram a fazenda para terceiros, que por sua vez, estão investindo pesado no local, apesar de existir um processo da retomada da posse da terra, movido pelo INCRA, tramitando na Justiça Federal. Eles entram na fazenda por um ramal aberto pela linha 15, realizando um rodeio, porém, já teriam realizado declarações ameaçadoras dizendo que na estrada "tinha apenas quatro cachorros que eles iam expulsar logo".
Desde 2004, sem que até agora a justiça federal tenha se pronunciado, corre processo movido pelo INCRA contra o fazendeiro que grilou a área de terra pública sem título registrado.
Segundo declarações dos acampados, depois que as famílias foram despejadas, quase acabou a feira de Seringueiras, pois não tem mais como produzir. Eles são obrigados a trabalhar para os outros e até agora não receberam as cestas básicas prometidas pela Ouvidoria do INCRA.
Uma das alunas da Escola Família Agrícola do Vale do Guaporé (EFAVALE), que pertence às famílias dos acampados, é uma das vencedoras do Prêmio de Agroecologia Natureza Viva Vale do Guaporé, da CPT/RO, para instalar uma horta de produtos orgânicos. Porém, a família dela agora não tem mais onde instalar a horta, a não ser que consigam que alguém lhes ceda um pedaço de terra.
Entendemos que seria preciso que alguns juízes realizassem visitas pelo menos a um dos acampamentos, onde famílias sofrem embaixo de lonas e no meio da lama, como no local de Seringueiras, para analisar melhor antes de despejar famílias que somente querem um pedaço de chão para trabalhar e viver na terra com dignidade.
Fonte: Comissão Pastoral da Terra - Rondônia (CPT/RO)
http://www.cptrondonia.blogspot.com.br/2012/11/acampamento-de-seringueiras-sofre.html [caption id="attachment_663" align="alignleft" width="300"] Jagunços armados nas proximidades do acampamento Paulo Freire 3 em Seringueiras. (Foto dos acampados)[/caption] [caption id="attachment_664" align="alignright" width="300"] Acampamento foi montado na beira da estrada[/caption] [caption id="attachment_665" align="alignleft" width="300"] Agricultores expulsos da terra não podem mais produzir alimentos[/caption]