FETAGRO participará de projeto de pesquisa sobre incidência de intoxicação por agrotóxicos
A FETAGRO, em parceria com o Centro Universitário Luterano do Brasil (Ceulji-Ulbra) e Instituto Federal de Rondônia (Ifro), elaboram projeto de pesquisa para identificar a prevalência de intoxicação por agrotóxicos no Estado e conhecer a saúde da população rural através da identificação de fatores de risco ou doenças já existentes desta população que muitas vezes é negligenciada.
De acordo com o presidente da FETAGRO, Fábio Menezes, este trabalho vem ao encontro da expectativa do movimento sindical em ter informações sobre os efeitos do uso de agrotóxicos sobre a saúde do trabalhador (a) rural. Fábio ressalta também que a proposta tem caráter original e inovador, uma vez que não existe uma quantidade relevante de dados no Estado e informações que nunca foram levantadas; o que faz da realização deste projeto pesquisa de extrema importância.
O projeto buscará amparo da Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero) e apoio do Conselho Nacional de Saúde. Inclusive, em audiência com a presidente do CNS, Maria do Socorro de Souza, no dia 12 de novembro, foi tratado sobre a expansão do projeto para nova etapa. A presidente sugeriu que após este projeto de diagnóstico, outra etapa seja elaborada e executada com propostas de orientação e capacitação para redução dos índices.
Reuniões
Nesta quarta-feira (18), em reuniões com o Ifro e Ulbra foram ampliadas as discussões acerca da execução do projeto, discutindo a elaboração do mesmo para estudar os impactos do uso de agrotóxicos nas propriedades, os danos causados, os problemas de saúde e os prejuízos econômicos. Com o Ifro, pela manhã, foi dialogado com o diretor do campus, Fernando Antônio Rebouças Sampaio e com os professores (as) Fernando Pinheiro, Alice Porto e Andreza Mendonça sobre a possibilidade de ser firmado Acordo de Cooperação Técnica entre a FETAGRO e o Instituto com o objetivo de aproximar as demandas dos trabalhadores rurais às instituições, e juntamente com os trabalhadores (as) apoiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas pelo Ifro e, dentro da proposta do projeto, fomentar atividades agroecológicas, iniciando o trabalho com unidades experimentais, desenvolvendo arranjos produtivos que tenha sustentabilidade ambiental, economica e social.
O professor Fernando afirmou que “o Ifro está aberto a essa importante parceria e que essa demanda da FETAGRO dialoga com as diretrizes de sua gestão à frente o instituto que é apoiar as ações da agricultura familiar”.
No período da tarde, a diretoria da Federação reuniu-se com as professoras da Ulbra Giselle Cristina Andrade Pereira, do curso de Enfermagem, Rita Cristima Martins, do curso de Farmácia, e Rosineide Vieira Goes, do curso de Biomedicina. Detalhes do projeto já encaminhado à Fapero foram revisados, bem como discutido sobre a elaboração de uma nova etapa do projeto que abrangerá vários municípios. Discutiu-se também sobre outras ações no projeto, incluindo um amplo debate sobre as consequências do uso de agrotóxicos, seminários e ações de encaminhamento para tratamento de saúde das pessoas identificadas na pesquisa.
Também parceiro no projeto, o pesquisador Luis Marcelo Aranha Camargo, coordenador do laboratório de biologia do Instituto de Ciências Biomédicas 5 da Universidade São Paulo((ICB-5 USP), contribuirá decisivamente no processo das coletas de dados, em especial das consulttas médicas, examos e análises laboratoriais.
Resultados
Os resultados previstos nesse projeto é conhecer o perfil da população rural, potencial de intoxicação e presenças de doenças secundárias como por exemplo as doenças cardiovasculares e renais crônicas. Com os resultados obtidos poderá ser elaborado um mapa representativo do consumo de agrotóxico no estado por tipo e cultura utilizada. Identificar as patologias que acometem a população, a fim de fornecer dados que demonstrem onde pode estar ocorrendo os possíveis erros de processos, estocagem, armazenamento e devolução das embalagens que contribuem para o adoecimento da população e desequilíbrio do meio ambiente. O presente estudo será uma pesquisa descritiva, epidemiológica, observacional, transversal, quantitativa e qualitativa com trabalhadores rurais maiores de 18 anos. O instrumento para coleta de dados será realizado por meio de cadastro da propriedade, consulta médica através de entrevista com produtores e trabalhadores rurais, avaliação do local e fotografia, e coleta de amostras laboratoriais.
Estudos
Estudos apontam que muitos indivíduos que fazem o uso indiscriminado dos agrotóxicos e não utilizam a paramentação correta dos equipamentos de proteção individual não são conscientizados sobre os riscos de agravos à saúde e efeitos no meio ambiente. É sabido que o aumento do uso de agrotóxico tem gerado dano à saúde da população e meio ambiente sendo necessário avaliar a situação real dos trabalhadores e familiares das pessoas que manipulam agrotóxicos frequentemente. No banco de dados do Sistema Nacional de Informações, no ano de 2014, foram notificados 2141 casos de intoxicação por uso agrícola, em Rondônia 45 casos.
Diante dessa problemática, reforça Fábio Menezes, torna-se importante avaliar a incidência de intoxicação dos trabalhadores rurais do estado de Rondônia.